quinta-feira, 17 de março de 2011

Vale à Pena Assistir de Novo: Akira


Um marco. A animação Akira foi um verdadeiro marco na animação mundial. Acredito que nada assim havia sido realizado até então. Claro que a Disney e os irmãos Fleischer fizeram trabalhos memoráveis no campo da animação até então, mas o mundo ainda não tinha presenciado um filme animado como Akira. O ano era 1988 e o filme dirigido e escrito por Katsuhiro Otomo explode nos cinemas causando grande impacto principalmente nos Estados Unidos. Claro que no Japão o filme foi um sucesso, mas os estadunidenses não estavam preparados para a dose cavalar de adrenalina, violência, ação e inteligência que Akira tinha a oferecer. Eles não tinham muito disso por lá com tamanha perfeição. Fico imaginando o que os animadores da época pensaram do filme. Primeiro ficaram estupefatos! Depois a inveja deve ter batido e eles ficaram resmungando no canto. Anos depois o mercado dos Estados Unidos já estava rendido à criação de Otomo elevando o mangaká a ídolo japonês na terra do Tio Sam. Eu lembro da primeira vez que assisti Akira. Eu conhecia apenas de nome e alguma coisa que havia passado na TV falando da repercussão do filme, mas ainda não tinha dado a devida importância, só sabia que era “de deixar a boca aberta”. Um amigo meu alugou o filme dublado em VHS alguns poucos anos depois (só tínhamos cópias dubladas na época para animação em geral) e em um começo de noite, eu vi aquilo que eu nunca tinha visto numa animação e sempre quis ver: coragem! Veja bem, animação japonesa no Brasil quando chegava à TV aberta era aquelas animações infantis ou vinha pra cá todo cortado (censurado) até a vinda de Cavaleiros do Zodíaco em 1994. Anteriormente as coisas eram mais simples, mas no Japão sempre foram tripas pra fora! Bom, então imagine a minha surpresa quando vi gente sendo espancadas, tripas caindo da barriga, sangue espichado nas paredes, mortes horrendas, anarquismo, politicagem e tudo mais num filme como esse? Eu surtei! Pensei: porra, porque não existem mais filmes assim? Hoje é mais comum, verdade.O mais interessante de Akira é a animação em si. Toda feita no punho, sem artifícios de computação gráfica tão comum hoje em dia, e ainda assim Akira se mostra atual e superior a muita coisa feito hoje em dia. Akira foi um divisor de águas na forma de se fazer animação adulta no mundo, mais ou menos ali comparando com o surgimento de Alan Moore nos quadrinhos mundiais. Muitos fãs de animes acham que Naruto, Death Note, Cavaleiros do Zodíaco, Bleach, Higth School of Dead os verdadeiros tesouros da animação japonesa, mas nem de longe. Akira abriu definitivamente as portas para o mercado japonês, fez com outros paises se voltassem para aquela cultura tão fechada, que não tem receio de mostrar sangue em suas animações. Akira abriu as portas para que todos esses animes tão conhecidos hoje ganhassem o mundo de vez.A trama em si é fantástica, aliando ficção científica, com rebeldia juvenil, politicagem, militarismo, conspiração e violência. Vou tentar usar uma “linha reta” para falar da trama, pois a história do filme difere bastante em muitas partes da do manga. No filme Kaneda, um líder de gangue de Neo Tokyo durante uma luta nas ruas com a gangue dos Palhaços acaba tendo seu amigo Tetsuo preso pelos militares após um acidente misterioso que se deu a partir do encontro do jovem com um garoto de pele azul. O Coronel que estava em captura do jovem de pele azul acaba levando Tetsuo para exames por conta do contato. A partir desse momento Kaneda e sua gangue tentam reaver o amigo perdido e entram num jogo perigoso entre o exército e seus seres com poderes psíquicos. Tetsuo acaba ganhando poderes latentes e fica muito forte de repente, renegando Kaneda e os amigos, indo contra o exército e querendo achar Akira para mostrar quem é o mais forte, pois ele sabe que Akira foi o mais poderoso de todos e causador da Terceira Guerra Mundial. Desse ponto em diante Kaneda enfrenta seu amigo de infância inúmeras vezes chegando no seu final fodastico com Tetsuo perdendo o controle de seus poderes e Akira que havia sido morto (!) e dissecado (!!) para evitar que ele voltasse de alguma forma. De nada adiantou, pois o garoto retorna de qualquer maneira no final para salvar Tóquio. As diferenças com o mangá são várias. Akira não está morto na versão de papel, chega a se unir com Tetsuo e depois se volta contra ele. O líder dos Palhaços que no filme aparece pouco e tem apenas uma fala, no mangá vai até o final ajudando Kaneda. Outras diferenças tem a ver com outros personagens que nem aparecem direito no longa de duas horas e que são de certa forma importantes para a trama. Mas como o próprio Katsuhiro Otomo, o criador do manga fez o filme, ele melhor do que ninguém para fazer sua adaptação. Detalhe: quando o filme começou a ser produzido o manga do Akira teve de ser interrompido, pois Otomo estava ocupado dirigindo o longa. Isso quer dizer que nos quadrinhos Akira ficou sem um final por muito tempo. Apenas depois o criador resolveu finalizar a trama e por um fim de vez na saga de Kaneda, que acabou não diferenciando muito do longa.Atualmente estão tentando levar Akira para o cinema em Live-Action, e Hollywood irá transformar Neo Tokyo em New Manhattan (ou uma merda assim). Adaptação estadunidense está tentando achar um elenco que sirva, mas pra mim tudo tem cara de Dragonball versão da Fox Films: lixo descaracterizado! O filme será dividido em dois e não tem nenhum cronograma. No Brasil o mangá editado em formato ocidental e colorido saiu pela Editora Globo em 38 edições. No momento Akira está indiponivel para ser reeditado pelo mundo se não me engano, mas há editoras (várias) atrás disso, pois é muito pedido pelos leitores brasileiros. O filme ganhou uma versão em DVD ano passado também e já há uma versão Blu-ray nos Estados Unidos.

Texto original do blog Bueiro Fétido

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